#GlobalFoodSystem #Crise de Fertilizantes #Sustentabilidade #Equidade #Tecnologias Agroecológicas #Segurança Alimentar #Pequenos Agricultores #Impacto Ambiental #Mudanças Climáticas #TransformandoAgricultura
O sistema alimentar global é atormentado por práticas insustentáveis, desigualdade e danos ecológicos. A disparada dos preços dos fertilizantes químicos agrava estes desafios, afectando os pequenos agricultores e ameaçando a segurança alimentar. Este artigo explora as consequências da crise dos fertilizantes, destaca a necessidade de tecnologias agroecológicas alternativas e enfatiza a importância de transformar o sistema alimentar global para um futuro sustentável e equitativo.
O sistema alimentar global necessita urgentemente de transformação. As empresas multinacionais dominam o sistema, promovendo padrões de produção e consumo insustentáveis, ao mesmo tempo que geram resíduos significativos em todas as fases. Além disso, este sistema falido contribui para emissões massivas de gases com efeito de estufa e priva os pequenos agricultores de meios de subsistência seguros. A consequência mais devastadora é a persistência da fome extrema em todo o mundo.
Um grande desafio no sistema alimentar é a escassez global de fertilizantes. Nos últimos anos, os preços dos fertilizantes dispararam devido a vários factores, tais como o aumento do custo do gás natural e conflitos geopolíticos. No entanto, tornou-se evidente que as empresas aproveitaram a crise para explorar margens de lucro mais elevadas. Os lucros das maiores empresas de fertilizantes do mundo duplicaram e até triplicaram em apenas alguns anos, enquanto os pequenos agricultores lutam para adquirir fertilizantes.
Os elevados preços dos fertilizantes levaram a um declínio na utilização entre os pequenos agricultores, impactando negativamente o rendimento das colheitas e a segurança alimentar nacional. Esta situação suscitou alertas por parte das Nações Unidas, afirmando que a crise de acessibilidade poderá em breve tornar-se uma crise de disponibilidade, perturbando as cadeias globais de abastecimento alimentar.
Para mitigar a crise dos fertilizantes, alguns governos aumentaram os subsídios aos agricultores, enquanto outros implementaram medidas para incentivar a produção nacional de fertilizantes. No entanto, a utilização de fertilizantes químicos traz consigo os seus próprios problemas ecológicos, incluindo emissões de gases com efeito de estufa, degradação do solo, destruição da camada de ozono, perda de biodiversidade e poluição atmosférica. Devem ser evitadas respostas instintivas que dão prioridade à acessibilidade a curto prazo em detrimento da sustentabilidade a longo prazo.
Em vez disso, os governos deveriam considerar subsidiar tecnologias agroecológicas alternativas que promovam práticas agrícolas sustentáveis. Estas alternativas incluem rotação de culturas, fertilizantes naturais e pesticidas, que podem reduzir a dependência de fertilizantes químicos, mantendo simultaneamente elevados rendimentos. Estas tecnologias já existem e oferecem soluções potenciais para a crise atual.
Embora a transição para abordagens agroecológicas deva ser feita com cuidado, as evidências sugerem que podem aumentar significativamente a produtividade e a qualidade do solo. O investimento privado e a ajuda externa devem ser redireccionados para o apoio à agricultura agroecológica, em vez de promoverem ainda mais os fertilizantes químicos. Infelizmente, organizações como a Aliança para uma Revolução Verde em África (AGRA) continuam a defender o aumento da utilização de fertilizantes químicos, apesar de estudos independentes questionarem a sua eficácia e o impacto negativo sobre os pequenos agricultores.
A transformação do sistema alimentar global, especialmente dos mercados de factores de produção agrícolas e culturas, é crucial para enfrentar os desafios ambientais que enfrentamos e mitigar os impactos das alterações climáticas. Ao reduzir a nossa dependência de fertilizantes químicos e promover práticas sustentáveis, a actual crise alimentar pode tornar-se uma oportunidade para mudanças positivas. Tal mudança contribuirá para um futuro mais sustentável e equitativo, beneficiando tanto os pequenos agricultores como o planeta.